quarta-feira, 25 de setembro de 2013

António Ramos Rosa (1924 - 2013)



Morreu em Lisboa, aos 88 anos, o poeta António Ramos Rosa, uma personalidade que « iluminou a poesia portuguesa», segundo as palavras do Presidente da República.

Aqui fica a palavra do poeta.





A Palavra

Eleva-se entre a espuma, verde e cristalina
e a alegria aviva-se em redonda ressonância.
O seu olhar é um sonho porque é um sopro indivisível
que reconhece e inventa a pluralidade delicada.
Ao longe e ao perto o horizonte treme entre os seus cílios.

Ela encanta-se. Adere, coincide com o ser mesmo
da coisa nomeada. O rosto da terra se renova.
Ela aflui em círculos desagregando, construindo.
Um ouvido desperta no ouvido, uma língua na língua.
Sobre si enrola o anel nupcial do universo.

O gérmen amadurece no seu corpo nascente.
Nas palavras que diz pulsa o desejo do mundo.
Move-se aqui e agora entre contornos vivos.
Ignora, esquece, sabe, vive ao nível do universo.

Na sua simplicidade terrestre há um ardor soberano.

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"





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