sábado, 30 de novembro de 2013

Fernando Pessoa morreu há 78 anos


Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 - Lisboa, 30 de novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, é considerado o mais universal poeta português.

Neste dia recordamos os 78 anos da sua morte com um poema, retirado do site da Casa Fernando Pessoa.


Fernando Pessoa em 1914
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem  alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo:   "Fui  eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.
24 - 8 - 1930

In Poesia 1918-1930 , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Rómulo de Carvalho, homem de ciência, poeta e muito mais



Imagem retirada de imprensaregional.cienciaviva.pt

Celebrou-se, no passado dia 24 de novembro, o aniversário de Rómulo de Carvalho (24 de novembro de 1906 - 24 de fevereiro de 1997).

Inesquecível professor, formidável pedagogo e autor de manuais escolares, extraordinário historiador da ciência e da educação, dedicado divulgador científico e exímio poeta, Rómulo de Carvalho deixou-nos uma herança que é difícil igualar.

Aqui fica um vídeo do poema "Mãezinha", dito por Vitor D'Andrade, no programa da RTP2, "Uma Poesia por Semana".





segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Manuel António Pina


Manuel António Pina (18 de novembro de 1943 - 19 de outubro de 2012)

Um problema de subtrair

Apanhado a subtrair,
um matemático foi condenado
a dois dias de prisão.

Sabendo que tem que cumprir,
além da pena, uma medida de prevenção,
e prestar uma caução,
e pagar uma indemnização,
e do seu bolso repor
o valor da diminuição
que o diminuidor
fez no diminuendo,
mais juros de compensação,
juros de mora e juros vincendos.
E pagar a procuradoria
e a solicitadoria,
além das multas, emolumentos,
selos e custas do processo...

Calcula que resto, excesso
ou diferença lhe farão
ficar para sempre na prisão...

in Pequeno Livro de Desmatemática

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Dia do Desassossego

Vivo desassossegado, escrevo para desassossegar
                                                        José Saramago

A Fundação José Saramago, para assinalar o aniversário do escritor, organiza o Dia do Desassossego. Esta é uma oportunidade para celebrar o escritor e promover o desassossego das ideias através do melhor instrumento para o fazer, os livros.

Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu no dia 16 de novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga, no Ribatejo. Teve várias profissões até começar a trabalhar numa editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção.

Embora tenha publicado o seu primeiro livro em 1947, foi só a partir de 1966 que começou a dedicar-se mais intensamente à escrita e que veio finalmente a ser reconhecido como um grande escritor. A sua obra está publicada em dezenas de países e foi já traduzida para várias línguas.


Cartaz do evento, disponível na página da Fundação

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Marcos da história dos média online em Portugal


O jornal PÚBLICO, na sua edição de hoje, publica uma breve cronologia de algumas das principais tendências e marcos da história dos média online em Portugal.
Nesta pequena cronologia, com excelentes ilustrações de Frederico Batista e Sara-A-Dias, faz-nos recuar até aos (longínquos!) anos 90 do séc. XX quando a Internet ainda era uma novidade e as páginas estavam quase sempre "em construção".
Este é um trabalho muito interessante e com grandes potencialidades educativas.
Pode visionar o vídeo aqui.


Imagem Público Multimédia

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Projeto Contos e (En)Cantos



Cartaz de divulgação do projeto

O projeto Contos e (En)Cantos é um ateliê de leitura, da responsabilidade de um grupo de professoras da disciplina de Português da ESPAM.

O principal objetivo deste projeto é desenvolver o gosto pela leitura, promovendo a sensibilidade literária, a leitura em espaços não convencionais, a capacidade de entreajuda, o respeito pelo outro e o convívio saudável.

O projeto está aberto a alunos do 2º e 3º ciclos do ensino básico e também do ensino secundário.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Talvez, a simples estória de um beijo



É assim, deste modo simples, quase ingénuo, que é apresentado o novo livro de Ondjaki, intitulado "Uma escuridão bonita".

Numa noite em que a luz faltou (e o tempo sobrou) em Luanda, um jovem casal numa varanda troca segredos, escuta o silêncio da noite e ensaia o primeiro beijo que acontece... ou será que não?

Este é mais um livro infanto-juvenil de Ondjaki, numa edição muito cuidada e de rara beleza. As páginas são pretas e os desenhos, a branco, são da autoria de António Jorge Gonçalves. Este livro foi publicado na mesma semana em que o Prémio José Saramago foi atribuído a este escritor angolano, de 36 anos, pelo seu romance "Os transparentes". Recordamos que este ano Ondjaki recebeu também o Prémio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, na categoria Literatura em Língua Portuguesa, com o livro "A bicicleta que tinha bigodes: estórias sem luz elétrica".

Para ler algumas páginas de "Uma escuridão bonita",  clique aqui.



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sophia


Um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, no dia do seu aniversário.


No fundo do mar há brancos pavores
Onde as plantas são animas
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho