Acenei com a cabeça.
Logo ouvi a mãe do Martinho a
apitar. Tínhamos combinado que ela nos vinha buscar.
Despedi-me do meu pai com um
simples “adeus”, fiquei com um aperto no coração, mas não liguei.
Fui para o carro e reparei na
diferença dos cheiros: no hospital cheirava a desinfetante para as mãos misturada
com um detergente esquisito; no carro havia um aroma a ambientador de morango,
um pouco enjoativo.
Mal cheguei a casa fui para a
cama, sem jantar, ainda cedo.
Acordei de madrugada com a minha
mãe ao telefone, muito inquieta. Apercebi-me logo do que se tratava.
Dez minutos depois, já estávamos
todos de pé, chegou a carrinha do hospital com ele lá dentro. O meu pai não me
cumprimentou e sentou-se à porta de casa. Não sei como, mas resisti à tentação de
lhe dar um grande abraço.
A mãe trouxe-lhe amoras.
– Vai buscá-lo, não percamos
tempo. – disse-me o pai.
Não soube logo do que ele estava
a falar, mas depois apercebi-me.
– Está aqui, mas as cordas estão
estragadas… desculpe.
– Não faz mal, o Tio Trindade põe
o teu cavaquinho como novo!
– Meu? – indignei-me.
– Sim, tu mereces – disse o meu
pai com um brilhinho especial nos olhos.
Mafalda Sampaio, 6.ºC
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